60 anos do Golpe Civil-Militar — Relembrar para não reviver
Uma data que jamais será esquecida. O Golpe Civil-Militar de 1964 completa 60 anos e é imperativo recordar não apenas os eventos históricos daquela época, mas também as duras consequências deixadas na nossa sociedade atual. O episódio de 8 de janeiro é um triste exemplo de que, como defensores de uma país livre e democrático, é fundamental, tanto no dia 31 de março, como todos os outros dias, relembrar para não reviver aqueles tempos sombrios, cujos fantasmas ainda nos rondam.
No passado, a falta de punição de torturadores e da responsabilização direta das cabeças articuladoras do regime ditatorial, contribuíram para uma cultura militar de violência e repressão, especialmente dedicada contra a população mais vulnerável, nas periferias.
Esta guerra permanente contra pobres, negros e marginalizados, é uma consequência direta dessa herança ditatorial e reflete uma constante perpetuação da perversidade, que precisa ser superada urgentemente. Não apenas estamos lidando com as cicatrizes históricas, mas também com as feridas abertas da atualidade, que continuam a sangrar e que comprometem o futuro do Brasil.
Além das implicações sociais e políticas, é fundamental considerar o impacto psicológico que este legado de violência e repressão causa na população. Conviver com esse fardo, geram traumas profundos e persistentes, afetando a saúde mental e o bem-estar dos indivíduos.
Nas palavras da psicanalista Marilena Dechamps, “Gritos de desamparo que também insistem para que se retire do silenciamento uma história repetida de violência contra as minorias no nosso país. “Gritos” de dor abertos pela indiferença, que clamam por reconhecimento. Atos de violência, de descarga, que nos impetram tradução. A tradução está além da comida, é ato de amor, gera prazer e desejo.”
Nesse sentido, o XI Plenário do Conselho Regional de Psicologia — 12ª região, reconhece a importância da Democracia como um espaço para exercer uma Psicologia comprometida com os Direitos Humanos. Somente por meio da autonomia dos sujeitos e da garantia de seus direitos fundamentais iremos desfazer os nós psicológicos destas feridas em nossa sociedade.
Os 60 anos do Golpe Militar de 1964 é sobretudo, um chamado à ação. Precisamos confrontar os legados nefastos desse período sombrio da nossa história e trabalhar incansavelmente para construir uma sociedade mais justa, igualitária e livre de violência e opressão. Assim, convocamos a categoria para o próximo dia 1º de abril, em frente a Catedral, em Florianópolis, para o “Ato em defesa da Democracia 64+60”. A concentração será às 16 horas e a passeata às 18 horas.
Contamos com a participação de todas!