Confira como foi o Seminário Psicologia e Extremismos Políticos

Confira como foi o Seminário Psicologia e Extremismos Políticos

Nesta terça-feira, dia 6 de junho, às 19 horas, o Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina – 12ª Região (CRP-12) realizou o Seminário “Psicologia e Extremismos Políticos: subjetivações em contextos de violência e ódio”, na sede da Federação dos Trabalhadores no Comércio no Estado de Santa Catarina (Fecesc), localizado na Av. Mauro Ramos, 1624 – Centro, na Capital e foi transmitido pelo canal do Youtube do CRP-12.

 

A transmissão pode ser assistida neste link: https://www.youtube.com/watch?v=qut88j6w5UU

 

O objetivo do Seminário foi reunir profissionais, pesquisadoras(es) e ativistas para discutir os extremismos políticos em curso no país e, principalmente no Estado de Santa Catarina e articular contribuições e posicionamentos da Psicologia para a compreensão e o enfrentamento de ações de extremismos políticos, violências e ódio.

 

Homenagem e ação do GT

 

Antes do início do evento, o conselheiro do CRP-12, Ematuir Teles de Sousa apresentou sobre a iniciativa de criação do Grupo de Trabalho Psicologia e Política do XI Plenário, organizador do evento. “Estamos trabalhando em ações e posicionamentos com o objetivo de problematizar junto a categoria profissional e a sociedade a articulação entre a psicologia – como ciência e profissão – e a política, entendida como campo dos antagonismos e contradições sociais marcado por processos históricos que constituem as experiências coletivas, institucionais e individuais”, declara.

 

Na ocasião, a presidenta do CRP-12, Yara Hornke foi homenageada pela sua atuação na Psicologia e como a primeira mulher negra presidenta do Conselho. A conselheira Renata de Lima Pierre Louis também foi ao púlpito falar da Comissão Psicologia de Relações Raciais, instaurada na atual gestão. “É com admiração e reconhecimento que me orgulho em ter à nossa frente, uma mulher negra como presidenta, uma pessoa comprometida com a democracia e com compromisso ético e político com a Psicologia. Como diz Angela Davis, ‘Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela’. Por isso é muito importante referenciar alguém que faz a diferença para nós e com quem temos aprendido muito”, celebra.

 

Yara comentou sobre a homenagem e sobre seu histórico de lutas. “A gente é parceira de luta, aprendi a trabalhar sempre em coletivos, grupos, divido com todos. A minha luta só tem sentido pois é feita com as pessoas com quem eu convivo. Não há méritos próprios, seguimos juntos todos nós, espero que tenhamos mais uma vez construir um futuro melhor”, destaca.

 

Palestrantes

 

O evento contou com as palestras de Nego Bispo, Flávia Cristina Silveira Lemos e Marlene de Fáveri.

 

Bispo, que é quilombola, lavrador, integrante da rede de mestres e docentes da Universidade de Brasília, representante da Coordenação Estadual e Nacional das Comunidades Quilombolas, iniciou a sua palestra falando da relação dos quilombolas com a terra e com as suas tradições. “Nasceram e nascem tantas outras comunidades, mesmo que queimem a escrita, não queimarão a ancestralidade e a oralidade. O imaginário é do nosso domínio. O povo contra o colonialismo não tem destino, tem o imaginário”, define.

 

A historiadora e pesquisadora na área de gênero e feminismo, Marlene de Faveri, contou sua trajetória como professora e como vítima do extremismo político e falou sobre as concepções do facismo. “Eles se baseiam em pilares, meritocracia, supremacia branca e misoginia. Eles estão organizados”. Ela também destacou o papel da cultura neste debate. “A cultura está dentro de nós. Somos seres dentro da cultura e, em um debate sobre extremismos, temos que lembrar que somente por meio de uma educação cultural é que podemos mudar este cenário.

 

Flávia Lemos, que é professora de Psicologia Social na Universidade Federal do Pará, comentou que a questão do extremismo político vai além das questões de uma polarização de direita x esquerda. “Temos que pensar para além disso, existe uma complexidade dos extremismos e de articulações entre os diversos tipos de colonialidades e como elas vão se desenvolvendo na cultura política”, argumenta.

 

Após as falas dos palestrantes, o espaço foi aberto para os presentes e para quem estava participando online, mediadas pelo conselheiro Ematuir.

 

Rodas de Conversa

 

Antes do Seminário, o GT realizou rodas de conversas nas cidades de Florianópolis, Joinville, São Miguel do Oeste e Criciúma, nos meses de março, abril e maio. A categoria profissional escolheu como temática ‘Psicologia, extremismo político e produção de uma sociedade autoritária. “Traçamos como objetivo articular contribuições e posicionamentos na/da Psicologia para a compreensão e o enfrentamento dos extremismos políticos, violências e ódio”, explicou. Ematuir.

 

Segundo ele, as psicólogas e estudantes que participaram das rodas destacaram pontos muito sérios e complexos. “Trocaram sobre as controvérsias políticas dos últimos anos no Brasil e Santa Catarina, o recrudescimento do autoritarismo e do extremismo político em diversas instâncias sociais e, especialmente, nos contextos de atuação profissional”, pontuou.

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