Confira como foi o encontro do Envolver em Joinville
Nesta última quinta-feira, 05 de junho, o Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina — 12ª Região (CRP-12) promoveu o quarto encontro do Projeto Envolver na cidade de Joinville, realizado no Centro de Direitos Humanos Maria da Graça Braz.
Estiveram presentes os articuladores Andrei Souza (CRP-12/15868) e Joyce Fernanda Lubawski (CRP-12/19366), o conselheiro Ematuir Telles de Souza (CRP-12/12502), além de psicólogas e psicólogos de diferentes áreas de atuação.
A temática proposta para o encontro foi a regulamentação da Psicoterapia no Brasil. O objetivo foi debater essa proposição, que tem sido retomada nos espaços de discussão nos últimos anos, envolvendo os Conselhos de Classe, os Poderes Executivo e Legislativo, profissionais da área e a própria sociedade. A pauta ganha novo fôlego diante da Sugestão Legislativa (SUG) 01/2024 — que propõe que a prática da Psicoterapia seja privativa da Psicologia e da Medicina Psiquiátrica —, atualmente em avaliação pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado.
Durante o encontro, a categoria compartilhou um panorama histórico, evidenciando que a proposta de regulamentação não é recente, mas acompanha a trajetória da Psicologia desde sua consolidação como profissão, em 1962. O ponto central das discussões foi a importância de qualificar esse debate com uma perspectiva crítica e histórica. Dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) revelam que, após a pandemia, a procura por sessões de psicoterapia com psicólogas(os), via planos de saúde, aumentou 208% em 2023. Já as consultas com psiquiatras cresceram 115% no mesmo período.
As pessoas participantes também levantaram questões como: o advento da nova ordem política neoliberal; as tentativas de mercantilização da saúde mental; os papéis dos sistemas público e privado de saúde em relação à psicoterapia; os embates dentro da ciência e da profissão quanto à Psicologia Baseada em Evidências; além da falta de consenso profissional sobre a definição da prática como atividade privativa.
O articulador Andrei destacou “debater se a prática deve ou não ser privativa é de suma importância, mas é igualmente necessário se posicionar compreendendo que, entre os principais desafios do chamado ‘mercado’ — que, na verdade, dizem respeito aos Direitos Humanos e à Saúde Mental —, o mais urgente é o das tentativas atualizadas, sob regência neoliberal, de patologização e mercantilização da vida — e da Psicologia.”